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Um nó no tempo

noviembre 13, 2017 1 Comment

Celebrando a aparição no Brasil da primeira edição bilingue de “Um nó no tempo”, expressarei as razões que o tornam um dos títulos fundamentais da poesia atual escrita em espanhol e que estarão, acho eu, entre as que levaram o Francisco dos Santos, um homem muito dedicado à cultura, a colocá-lo no catálogo da Lumme Editor: a dedicação em todos os sentidos.

A tradução de Ronald Polito teve que encarar múltiplas complexidades: estamos diante de um texto muito especial em muitos aspetos, como veremos.  O que se segue não é senão as minhas opiniões sobre os méritos e curiosidades deste grande poema ―todo o livro é um único poema―, e como o seu autor, o poeta e arquiteto cubano Jorge Tamargo, ajusta perfeitamente o instrumento à sua função, e a clareza e austeridade da linguagem ao nível rigoroso da poesia.

A primeira coisa que digo é que este livro me faz lembrar aquela ovelha teimosa que deixa o rebanho a balir sozinha, um pouco mais adiante, e cujo balido é diferente e reconhecível. «Um nó no tempo», nega o que Johnson chamou de «dicção poética”: essa tendência para expurgar das palavras as contaminações do uso diário ou a aplicação de certas formas de dizer poéticas que são como modas e duram um momento: vinte anos, disse Eliot.

O livro alinha inspirações de natureza muito diferente que partem, logicamente, de umas experiências e um humor concreto, mas alcançam uma enorme dimensão artística porque foram medidas com a exata prumada do poeta-arquiteto. A maneira de dizer não é, por tanto, do nosso tempo, nem de qualquer outro tempo passado, embora tenha suas raízes nele.

O poeta José Kozer, em referência a esses aspectos do livro, disse: «Ele combina de maneira harmoniosa um estro moderno com um olhar clássico, a poesia antiga e venerada dos gregos, a filosofia dos pré-socráticos, acima de tudo, ao meu ver, Píndaro, mas também Heráclito, e, claro, Empédocles; e isso é costurado por um movimento ascendente em direção ao presente, passando pela Era de Ouro, San Juan, Góngora, juntando-se a Juan Ramón e Shakespeare, Darío e outros (mas não muitos: sinal de respeito). »

Devo acrescentar que também sinto a marca do poeta cubano José Lezama Lima num aspecto essencial da criação. Não me refiro à herança estilística, mas sim à preponderância da imagem sobre qualquer outro elemento do poema. Aqui a imagem é uma fonte de conhecimento, mas também de emoção e descoberta. Não pode ser de outra forma. Na poesia, a conceituação pura é perigosa porque geralmente funciona com imagens gastas e repete absurdamente o que foi dito pelos outros. A imagem, por sua vez, é o fundamento da realidade e só pode-se chegar a ele através da poética:

«não quero mais companhia ante a imagem,
neste nó de amor que me ofertam,
que a selecionada na memória e validada em sonhos,
depois de ter digerido, ruído à margen,
as nozes do meu tempo.”

O que a mim, particularmente, mais me apaixona no libro é tal conquista: expressar a visão poética, conceder uma razão a essa sorte de feitiço que não é razoável. Quando Dante acede ao paraíso terrestre sem a orientação de Virgilio, percebe que tudo deve ser baseado na memória e na linguagem, e que a função da imaginação não é somente a fantasia. O livro é, como “A Divina Comédia”, uma restituição da fazenda paradisíaca em sua pureza. Claro que não falo de limpeza.

É um livro cheio de belos versos e passagens. Mostra-nos que a experiência de um homem carrega toda a história dos homens. Jorge Tamargo  reconhece-a em suas próprias experiências e encontra suas metáforas nas origens. Este não é apenas um ato de cultura de grande valor, é também, de invenção poética e comparação literária, afinal.  Enfatiço o que acontece com o pensamento: aparecem, mas não invadem, uma plêiade de filósofos que não fizeram nada para além de ordenar o conhecimento e os sentimentos dos homens, e também tudo isso aqui é imagem.

Finalmente, nada é imutável neste livro. Tudo nele é progresão, devir, mesmo em termos dramáticos e narrativos, um maravilhoso diálogo poético entre o passado e o futuro, o próprio e o estranho, a razão e a fé, o amor e a precariedade, a ressonância e seu significado. É um livro que se eleva como um pinheiro no meio da poesia atual e do abismo que abre tanta linguagem empilhada à margem da imagem.

“Os feudos da imagem gerenciam-se
com o alento unânime de seus Senhores
e sua também unánime inteligencia, musicados ambos
sobre o invisível aterramento das costas
em partituras que olham, como em Nazca, ao céu.”

Luis Enrique Valdés Duarte

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Etiquetas: 2017, brasil, jorge tamargo, literatura, Luis Enrique Valdés Duarte, nos-otros, noviembre, poesia, um nó no tempo
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