Eu fui das pessoas que achavam que o país de Portugal não seria interessante visitar ou conhecer a sua cultura e história.
Pensei que as pessoas de Portugal eram muito reservadas, desconfiadas … que não havia lugar para mim lá, que eu nunca poderia dizer que Portugal seria um país para visitar, para sentir. Desconfiado pela falta de higiene de que sempre ouvi falar, da comida, da falta de cultura dos habitantes …
O engraçado é que os meus pais, sempre que podiam, compravam coisas em Portugal, sobretudo têxteis, até compravam a roupa numa loja onde o dono era de Alcañices e trazia as roupas de Portugal. Eu sempre ouvi a minha mãe dizer que as roupas lá eram melhores do que aqui, ou pelo menos alguns anos atrás eram…
Outro detalhe importante é que meu padrinho era português, de uma aldeia na fronteira com Salamanca; a minha madrinha era de Salamanca. Lembro-me, ainda eu era muito pequeno, do meu padrinho a pintar no seu atril; ele gostava de muito pintar e eu lembro que isso me fazia rir muito. De tudo isso lembro-me com muito carinho.
Com o passar do tempo, a falta de contacto contínuo com os meus padrinhos, a falta vital deles por muitos anos, afastou-me de Portugal.
Os meus pais, tendo-se mudado para Zamora, já não iam com tanta frequência. Desde então, a distância da nossa cidade de residência até Portugal era muito considerável. Os encontros com Portugal tornaram-se fugazes durante a temporada de férias de verão. E com o passar dos anos, o contacto foi nulo, lembro-me que teria por volta de dez anos de idade. Desde então, até alguns anos atrás, a minha relação com Portugal era nula, sim, nula, para mim não existia. Só me lembrava de Portugal quando via os camiões na estrada quando ia visitar os meus pais.
Eu conheci uma pessoa apaixonada por este grande país, a sua cultura, as suas tradições, a sua bondade para conosco, a sua história …
Eu foi numa viagem com esta pessoa a Portugal, e apesar de levar-me um pouco obrigado, muito agradecido por suportar os meus comentários impertinentes da sua culinária … por isso e por mil outras coisas, agradeço a essa grande pessoa. Obrigado do coração!
Da minha primeira viagem, voltei com um gosto na boca … muito bom. Com sensações, momentos, experiências, contacto com os seus habitantes … que não esquecerei. Essa foi a minha primeira viagem a Portugal. Desconfiado e mal-humorado ao sair, entusiasmado e apaixonado ao regressar.
Não vou esquecer as primeiras sensações agradáveis ali, depois das bravas e birras de criança pequena … Quem teria me dito, que hoje, eu iria para não voltar!
Foram os meus primeiros seis dias da minha vida com o uso da razão em Portugal. Dias inesquecíveis, onde eu pude conhecer lugares que eu nunca teria pensado que existiam. Posteriormente, houve mais viagens, é claro. E em cada uma delas apaixono-me mais, seja por Portugal, a sua cultura, o seu povo …
Vou sempre aproveitando ao máximo o tempo para ver tudo o que posso nos dias que estou lá, não importa quão cedo, não importa se adormeço tarde… o importante é aproveitar os momentos vividos lá, os seus cheiros, o seu charme, a sua tranquilidade, uma sensação de bem-estar que me rodeia e que me faz não conseguir tirar um sorriso do meu rosto.
Toda vez que quero mais, descubro mais, sei mais, é uma «droga» que me deixa louco. Momentos em que meus olhos se enchem de lágrimas de emoção, deixando escapar de vez em quando … abrindo os meus olhos para ver o máximo possível … deixando-me sem palavras em muitos momentos … aguçando o sentido do olfato para cheirar sua essência …
Louco pela sua essência!
Hoje falo sempre da essência de Portugal, há muitas pessoas que não me entendem, porque o que sinto é inexplicável. E eu sempre digo que para saber o que é Portugal têm que ir com os cinco sentidos. Ser capaz de capturar o espírito de Portugal.
Esta é a minha história com Portugal, com o nosso grande vizinho. Um país que eu não apreciei e que agora me levou a me apaixonar por ele.
Mais uma vez quero agradecer àquela pessoa que me encorajou a viajar (quase obrigado) a conhecer este país, que me ensinou e até hoje, continua a ensinar-me a essência, a vida, a cultura, a história e muitas outras coisas sobre Portugal. Obrigado!
Javier Aguado Seco
(Editado por: Luis Rodríguez).
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