Para mim, uma livraria não é uma loja qualquer. As livrarias, penso serem os lares das palavras, os templos da sabedoria porque os livros são jóias. Julgo que se as palavras servem para nomear as coisas, melhor dizendo, o mundo, nas livrarias fica toda a minha realidade. Cada livro é como uma caixa maravilhosa, surpreendente e até, às vezes, mágica que contem uma língua ou línguas, onde as palavras são seres vivos.
Silenciosamente, sinto-me protegida e nas livrarias esqueço a passagem do tempo para me introducir no mundo dos sonhos, já que não só pesquiço o previsto, mas também sempre existem descobertas surpreendentes. Os “grandes” livros têm uma história e um percurso, ganham uma alma e passam a ser mais do que aquilo que são.
Lentamente, muno-me de toda a minha curiosidade amorosa para ver, para observar, para folhear até descobrir tudo. Neste acto, através deste exercício apaixonado, cada cantinho de uma livraria transforma-se num mundo do meu imaginário.
Perco-me muitas vezes nas emoções das histórias dos livros. Entristeço-me, acredito, revolto-me e amo com elas. Raramente esqueço algunas histórias que li ou que estou a ler, bem como as suas personagens.
Tempos houve em que queria ser alfarrabista porque à meu ver, um alfarrabista é um sabio, não um vendedor de livros. Sinto-me tão bem acompanhada entre livros!. Por isso, nas livrarias, reside a minha salvação, a minha bússola para a vida. Faz-me impressão que alguém possa viver sem livros… Julgo que não há gesto mais humano que um abraço e eu nas boas livrarias, sinto-me abraçada pelos bons livros. Devo-lhes emoções impagáveis. As coisas simples da vida são as que nos fazem ser felizes. Eu sou feliz numa livraria. Não posso ser indelicada com elas. Estou-lhe eternamente grata pela nossa amizade sem fim.
Tem á ver isto alguma coisa com uma livraria online?. Sem dúvida nenhuma, NÃO, NÃO tem nada à ver.
“Nasci sensitiva e assim hei-de morrer, muito provavelmente …
nós somos o que somos e não o que queríamos ser;
não te parece?” – Florbela Espanca.