Durante a Segunda Guerra Mundial, as ruas de ciudades portuguesas como Lisboa, Cascais, estavam infestadas de espiões britânicos, alemães e oportunistas.
O ditador Salazar no poder desde 1932 estava empenhado em que seu país guardasse uma escrupulosa e lucrativa neutralidade. Dessa maneira Portugal declarou-se um país neutral e em condições muito difícieis conseguiu mantè-la, possibilitando a fuga através do seu território a centos de miles de refugiados (aproximadamente mais de um milhão de pessoas).
Mas Salazar astuto, inteligente e cruel ditador não hesitou em jogar durante os años da guerra com dois baralhos e mostrar aos alemães e aliados só aquela que Ihe interessava em cada momento, até que vendo do lado que se inclinava a guerra, deixou de ser neutral e aliou-se com os que iam ganhar a guerra.
Um exemplo deste duplo jogo foi que emquanto os alemães pressionavam Salazar para que lhes vendesse “Wolframio”, imprescindível para as blindagens da sua extraordinária e mortifera maquinaria bélica, Salazar ficava ao mesmo tempo imutável perante as tentativas dos britânicos para que não chegasse às mãos dos alemães e evitar assim miles de baixas nas filas dos aliados.
Nestes anos de guerra, muitos foram os homens e mulheres que arriscaram as suas vidas e incluso morreram para, umas vezes enganar ou despistar ao inimigo, outras vezes preparar emboscadas para inutilizar tanques de guerra, carros, rádios, tendo como objetivo travar o avanço das tropas alemãs e fazendo possível que a contenda acabasse quanto antes.
A maioria de estas pessoas foram anónimas, outras formaram parte dos movimentos de “Resistência” que surgiram por toda a Europa, sendo a mais reconhecida a “Resistência Francêsa”.
Algumas de estas pessoas pertencentes a todas as classes sociais (científicos, matemáticos, arqueólogos,etc) foram recrutadas e formadas pelos serviços de inteligência(CIA, MI5), outras foram imprescindíveis pelos seus conhecimentos de línguas, para decodificar códigos ou pelos postos de trabalho que tinham.
Entre estes últimos cabe destacar ao Senhor Don Aristides de Sousa Mendes, que foi o cônsul portugês em Burdeos que entre o 16 ao 23 de junho de 1940 expediu vistos portugueses nos primeiros dias da invasão de França pela Alemanha nazi.
Também ao Senhor Don Angel Sanz Briz o chamado “Anjo de Budapest” o espanhol que salvou mais de cinco mil judeos expedindo visos.
Portugal também foi um encrave estratégico das redes da espionagem durante a Segunda Guerra Mundial, dado que atraiu os melhores espiões da época, alguns destos espiões foram Joan Pujol, Dusko Popov, ou Ian Fleming.
Joan Pujol, alcunha “Garbo” para os britânicos, um dos mais grandes nomes da espionagem mundial que passou duas vezes por Portugal, movimentando-se entre Lisboa e a Costa de Estoril (ninho de espiões). Este espia espanhol foi fulcral para enganar ao bando alemão e convencer a Adolf Hitler que o desembarque seria no Passeio de Calais (França) e não em Normandía, como finalmente foi.
O outro espião famoso que se movia pelas ruas de Lisboa foi o duplo agente Dusko Popov, este espião iugoslavo deu muita informação ao MI5, manteve os alemães afastados do desembarque de Normandía e manteve a sua confiança até ao final da guerra.
Por último o espia mais conhecido, o Senhor Ian Fleming, o escritor dos romances de James Bond. Esta personagem do cinema baseou-se na vida do seu autor. Ian Fleming foi um funcionário de Inteligência Naval Británica que como a maioria dos espiões alojava-se no Hotel Palácio de Estoril, onde controlava os movimentos marítimos do bando alemão no Atlântico Sur. O Senhor Fleming compartilhava taças com os agentes alemães que constumavam hospedar-se no Hotel Parque.