É bem certo que, em Portugal, há já mais de um século que a Monarquia foi deposta, mas não foi assim há tanto tempo que o último rei de Portugal reinou, e muitos pensarão – pensamos – reinará para sempre.
Sem dúvida que há alguns que não entendem que um futebolista seja tão amado pelo povo, até ao ponto de ter sido sepultado no Panteão Nacional, mas Eusébio da Silva Ferreira não é somente um jogador. Ele é a imagem de que, com esforço e trabalho, qualquer um pode ser o que sonhe.
O nome que coloquei no título deste artigo não é uma coincidência. É certo que ele foi ainda mais amado pelos adeptos do S.L. Benfica, o seu clube, mas A Pantera Negra foi querida não só pelos aficionados portugueses, como também pelo mundo inteiro.
Nasceu em Moçambique e, com apenas 17 anos, foi cobiçado pelas principais equipas de Lisboa, que disputaram a possibilidade de tê-lo com eles. Com uma curiosa história, que inclui uma viagem de avião com nome falso de mulher, chegou à Luz, onde fez História com as Águias e com a Seleção Nacional.
Sem ele, não teriam sido possíveis as duas Taças Europeias do Benfica, nem o jogo inolvidável da equipa encarnada nos anos 60. Tinha uma condição física impressionante, que metia respeito aos seus rivais, sempre em movimento, combinando na perfeição com os companheiros, e com uma perna direita que lembrava mais um canhão que uma parte do corpo humano.
Foram muitos os clubes de todo o mundo que desejaram ter Eusébio com eles, mas ele foi declarado «Património do Estado» e, como tal, não houve a possibilidade de sair de Portugal.
Foi uma boa decisão? Nunca saberemos.
Eusébio seria lembrado pelos aficionados de todas as nações pela sua participação na Taça Mundial de 1966, quando a Seleção Portuguesa terminou no 3º lugar, com uma formidável atuação do português do Ultramar, que foi o melhor marcador do torneio, com 9 golos em apenas 6 jogos. Os leitores podem fazer uma idea da qualidade do King com os dados da performance: 544 golos em 656 jogos com o «Sporting de Lourenço Marques» – agora conhecido como Maxaquene – e com o Benfica, e ainda 41 golos em 64 jogos com a Seleção Portuguesa. 1137 golos no total é a cifra estimada para o avançado em todos os jogos que disputou.
O apelido de King acho que não é casual. Eusébio terá sido o melhor futebolista português de todos os tempos e muito mais que isso. Ele foi muito importante para a integração das pessoas das colónias na vida portuguesa, integração essa que até hoje não foi totalmente completada.
Foi muito marcante no desporto luso. Isto foi facilmente visível na despedida que lhe foi tributada nas ruas de Lisboa e com o facto de Eusébio repousar juntamente com alguns dos maiores portugueses de sempre.
Ele é um deles, porque Eusébio não foi só um bom jogador, mas também um bom ser humano.
Cognominado King, ele será para sempre lembrado como D. Eusébio, o Rei do futebol português.