
Estimada Concha:
Sou um apaixonado por teatro e viver momentos autênticos de teatro não é assim muito fácil, mesmo para mim que desde os anos 70 frequentei os teatros de Lisboa que passaram pelas diferentes fases políticas que marcaram o país. Recordo com saudades o Círculo de giz Caucasiano e a Mãe Coragem com a Eunice e a Irene Cruz, recordo o Pai de um francês que esteve no Teatro Aberto em 2017 e assim por diante.
O momento que vivemos em Rio de Onor foi um momento que posso colocar ao nível das grandes realizações teatrais e deixa-me ser excessivo.
Fartei-me de chorar, mas independentemente das minhas emoções, escutei de amigos meus palavras tão emocionantes sobre o que viveram em Rio de Onor que são a marca fundamental para podermos classificar o vosso trabalho de excelente.
A temática e o local funcionaram a vosso favor. Um desses meus amigos que foi polícia e está reformado, chorou e não é difícil entender o turbilhão de emoções que passaram pelo seu íntimo: a sua mãe era contrabandista e foi uma guerreira para criar os filhos.
Enterneceu-me também aquele português com um acento que lhe dava um encanto muito especial e que nos enche de orgulho por haver amigos que fazem esforços para partilhar a língua de Camões e de Pessoa.
Não quero dizer mais nada, porque o importante é o que fica por dizer.
Francisco Manuel R. Alves